Filipe Leão: «O Atlético é um dos grandes de Portugal»

Filipe Leão tem 61 jogos em campeonatos pelo Atlético. É o quarto jogador do actual plantel com mais jogos em campeonatos com a nossa camisola. Na preparação para mais uma época, Leão acedeu dar-nos uma entrevista. Nas bancadas da Tapadinha descobrimos uma pessoa divertida, alegre e simpática. Fique então a conhecer um pouco mais do número 1 do actual plantel.


Filipe, conta-nos um pouco do teu percurso no mundo do futebol.
Comecei com 7 anos no MTBA, aos 9 anos fui à experiência para o Benfica como avançado. Acabei por lá ficar, o treinador era o José Morais. Fiz o último ano nas escolinhas como avançado. Mas depois faltava um guarda-redes e eu, por brincadeira, fui para a baliza. O mister Morais gostou e a partir daí fiquei como Guarda-Redes, tendo sido campeão logo no primeiro ano na baliza. Estive 5 anos no Benfica, fui emprestado ao Estoril e aos 16 anos fui para o Estrela da Amadora. Onde mais tarde assinei contrato profissional no Estrela.
A seguir do Estrela fui emprestado ao Farense, rescindi com o Farense e fui para o Marco. Depois fui para o Mafra, onde estive por 3 anos. Depois surgiu uma proposta do Atlético. Depois fui para o Estoril dois anos, depois Fátima, Oriental, Torreense e depois novamente o Atlético.

Lembras-te da tua estreia como sénior?
Lembro. (Pausa) Tinha 17 anos. Na altura estava a suplente, ainda era júnior. Num jogo contra o Nacional da Madeira onde ganhámos 3-1 em casa. O Nuno Santos foi expulso, o guarda-redes que está agora no Penafiel, aos 20 e tal minutos, e o treinador era o Álvaro Magalhães. Foi o meu primeiro jogo como profissional, ainda com idade de júnior, estava 2-0, mas acabámos por vencer 3-1. Correu-me bem esse jogo. É um jogo que nunca hei-de esquecer.

Qual foi o clube que mais te marcou na tua carreira?
Todos os clubes marcam. Estive 3 anos no Mafra, o primeiro ano marcou-me muito. Esta vai ser a minha terceira época aqui e o primeiro ano também me marcou muito. Todos os clubes marcam um jogador. Tive um bom primeiro ano no Mafra, mas se calhar o ano que me marcou mais foi o meu primeiro ano aqui no Atlético. Sinceramente. Mas como disse todos me marcam.

Como é que te caracterizas como jogador?
(Risos) Sei lá! Nunca fiz essa pergunta a mim mesmo, mas penso que me considero nesta altura um guarda-redes experiente. Mas vou deixar as críticas para vocês (adeptos). Se vocês disserem que sou um bom guarda-redes fico contente (risos).

Tens ídolos no futebol?
Tenho, tenho. O meu ídolo como guarda-redes é o Michel Preud'hommme. Quando estava no Benfica até cheguei a treinar com ele. Era um jogador fantástico.

Na tua primeira passagem pelo Atlético(ainda na 2ª Divisão) deixaste boa impressão. O que recordas dessa época?
Como já tinha dito antes, em termos individuais, se não foi a melhor, foi das melhores. Acho que estive sempre numa fase que gostava de conseguir outra vez neste ano.
Em termos colectivos não conseguimos o objectivo que era subir de divisão. Ficámos em 2º lugar atrás do "poderoso" Olivais e Moscavide, na altura.

Vais para a tua segunda época seguida no Atlético(a 3ª no total). Mudou muita coisa desde a primeira passagem?
(Pausa) Não, está um bocado mais do mesmo. Poderia, no meu ponto de vista, estar um pouco melhor já que estamos num campeonato profissional. Mas está como estava. Sinceramente não está nem melhor nem pior, está como estava. E bom bom seria estar melhor.

A época passada foi complicada, plantel curto, muitas dificuldades, algumas arbitragens que prejudicaram. Que balanço pessoal e colectivo fazes de 2012/13?
Colectivo, como disseste na pergunta, houve arbitragens, lesões e condicionou muito a época. O objectivo era a manutenção e conseguimos. Ficámos em 18º lugar e penso que tínhamos equipa para mais do que isso, mas não conseguimos. Em termos individuais penso que fiz uma boa época. Não digo grande porque não acabei a jogar. Mas penso que enquanto estive lá dentro fiz boas prestações.

E este ano, achas que os adeptos podem aspirar a mais do que o 18º lugar, ou vai ser sofrer até ao fim?
Pá, espero que não! (Risos) Eu espero que não. Agora, eu penso que com o apoio dos adeptos a gente vai ficar mais para o meio da tabela. É o que eu quero! Quero chegar o mais rapidamente à manutenção, que é para não ter de fazer muitas contas. Agora, é difícil estar a dizer que vamos sofrer ou não porque pensamos jogo a jogo. Mas quero deixar aqui a mensagem que vamos lutar para atingir o objectivo o mais rapidamente possível que é para não estar a pensar em pontos até ao fim.

No Atlético tens sido sempre o guarda-redes titular. É um clube que te tem dado a visibilidade que esperavas?
Sim. Logo no meu primeiro ano. No meu primeiro ano foi dos anos em que joguei e tive maior visibilidade. Há poucos clubes da Primeira Liga que têm a visibilidade do Atlético. E é um clube que eu sinto que já faço parte desta casa e estou contente por estar aqui.

No ano passado viveste pela primeira vez um dos mais antigos e emblemáticos derbys da cidade de Lisboa. Esses jogos são especiais?

Os derbys são sempre vivido de maneira diferente. Nós encaramos os jogos sempre da mesma forma, mas os derbys são derbys. Não vou estar aqui a dizer que jogamos com A, B ou C, mas aparece um derby... É sempre um derby. Todos os jogadores gostam de estar no derby. Claro que encaramos como se fosse outro jogo, mas o que se passa fora do campo ajuda a ser diferente.

No ano passado, na recta final, após a vitória na Feira, o Atlético esteve 8 jogos sem ganhar, incluindo 4 derrotas em casa. O que se passou?
(Pausa) Não sei... Pergunta difícil essa. Não sei... Nós tentávamos, havia as lesões, um recuperava o outro aleijava-se... Fim de época, muito cansaço, muitos jogos. Acho que foi por aí. Não foi por falta de empenho de ninguém. Agora, aconteceu, foi mau, muitos jogos perdidos e isso é difícil.

Tens alguma história engraçada que tenha acontecido no atlético e que queiras partilhar?
Tive muitos. Mas assim de repente, lembro-me do ano passado quando fomos ao Porto B. Fomos de carrinhas (risos). Quando chegámos lá, chegámos ao mesmo tempo do autocarro do Porto B e lembro-me de nós a pensar "vamos sair, não vamos sair". Os jogadores do Porto B começaram a sair e pensaram que éramos os carros de apoio do autocarro. E nós não saímos com uma certa vergonha... Mas o que rimos com isso, e ainda rimos mais até, porque depois quando foi para voltar vínhamos todos a sorrir porque trouxemos os 3 pontos. Mas acho que foi engraçado por não querermos sair das carrinhas (risos).

Jogaste alguns anos na II B, pelo Mafra, Oriental e Torreense, o que recordas dos confrontos com o Atlético?
Só joguei duas vezes contra o Atlético. E no mesmo ano, estava eu no Mafra. Ganhei um em casa e perdi outro aqui(Tapadinha). Sei que o Atlético tinha uma grande equipa! Foi no ano em que o Atlético eliminou o FC Porto no Dragão.

Se te pedissem para descreveres o que é o Atlético como é que definirias o clube?
É um histórico de Portugal. É um clube que merecia estar na Primeira Liga. Penso que.. Penso não, tenho a certeza! É um dos grandes de Portugal.

Há ainda a ideia de que os jogadores de futebol têm uma vida de sonho. Mas afinal como é a vida de um jogador da II Liga?
É uma vida tranquila. Treina-se, faz-se o mesmo que os outros que ganham milhões (risos). Treinamos, vimos para aqui e lutamos, brincamos com os amigos, estamos com a família. É uma vida tranquila, nada de mais.

Estás com 29 anos, ainda tens muitos anos pela frente como Guarda-Redes, mas tens perspectivas para quando pendurares as luvas?
Eu às vezes penso nisso. Penso se serei treinador, se não serei treinador. Já tenho o curso de I nível. Mas gostava de vir a ser treinador de guarda-redes, que é onde me identifico mais.

O que sente um guarda-redes quando sofre um "frango"?
Não sei, nunca dei um frango... (nisto desatámos os dois a rir, entrevistador e entrevistado) Frango, frango... Não falo em frangos... Um golo com culpa, é difícil de explicar, é uma altura onde o guarda-redes tem que ter o apoio de todos. Mas é como te disse, nunca dei um frango, não sei qual é esse sentimento (risos).

Sentes que tens qualidade para a Primeira Liga?
Sinto. Já senti mais. Não em relação à minha qualidade, mas não sei... Falta de oportunidades.

Saíste muito novo do Estrela da Amadora, na altura perspectivavas que o clube viesse a chegar ao estado a que chegou?
Não. Eu saí porque apareceu uma proposta para jogar no Farense. E quis sair, porque não gosto de estar sem jogar. Nunca pensei que o Estrela fosse chegar onde chegou.

O que achas da reformulação dos quadros competitivos da II Liga?
Acho uma óptima ideia. Com a crise que está os clubes só ficam a ganhar com isso. Os clubes e os jogadores.

Sem o futebol, como seria a Tua vida?
(Risos) É difícil essa. Eu cresci com a bola, eu dormia com a bola antes de começar a jogar. A minha vida é a bola. Sinceramente, não sei como seria a minha vida sem bola. Só me lembro de ter bola (risos). A minha vida é o futebol.

Queres deixar alguma mensagem aos sócios, adeptos e simpatizantes do Atlético?
Iremos dar tudo para conseguir os objectivos. Fazer um campeonato muito mais tranquilo do que o ano passado. E para isso acontecer, além do nosso trabalho, precisamos muito do apoio dos nossos adeptos. Estamos todos juntos. E é isso que eu espero. Muito apoio dos nossos adeptos.

Entrevista conduzida por Hugo Costa.

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