Opinião: As estranhas opções de Gorka

O Atlético está a passar pela sua segunda fase negativa esta temporada. A primeira foram as três derrotas na Taça da liga, embora na altura com vicissitudes a todos os níveis.

A actual parece ter mais a ver com o treinador e, pelo que parece, por interesses que não são os do Atlético. Vamos por partes.

Até à derrota em Portimão o Atlético vinha a praticar um futebol que embora não deslumbrasse vinha a dar resultados. Vitórias sobre Sporting B e Benfica B, empate na Trofa(onde sofreu o golo do empate num penalti muito forçado) e empate em casa com o Beira-Mar (um jogo onde Filipe Leão evitou - por mais que uma vez - a derrota). Em Portimão a péssima exibição colectiva resultou numa derrota pesada, que só não alcançou outros números porque - mais uma vez - Filipe Leão teve intervenções de grande nível.

Eram 8 pontos à 5ª jornada e um lugar confortavel na primeira metade da tabela.

Depois da paragem no campeonato, Gorka decidiu mudar meia equipa. Saíram Filipe Leão, Hugo Carreira, Hugo Pina e Pedro Moreira. O Atlético ganhou ao Desp. Aves por 1-0, e não mais venceu(exceptuando o jogo da Taça, contra o Mirandela, ganho já na segunda parte do prolongamento).

Jonas não convence os adeptos.

Dos jogadores que saíram, o que causa mais estranheza é o Guarda-Redes Leão. Não só porque tem sido um guarda-redes que já deu muitos pontos nos anos que leva com a camisola do Atlético, mas também porque tinha vindo a ser um dos jogadores em destaque no arranque do campeonato.
Jonas, o tão falado internacional pela Guiné-Bissau, com todo o respeito, não é guarda-redes para o Atlético. Pelo menos para ser o titular. Qualquer um que vá à Tapadinha fica com o coração nas mãos cada vez que o adversário sobe à área do Atlético. O guineense já deu provas que ainda não está preparado para este nível. Se na estreia houve o desconto normal para um estreante(digam lá o que disserem, a camisola do Atlético pesa), neste momento chega a ser masoquismo a sua titularidade.

Contra o Penafiel cometeu uma grande penalidade perto do fim que não foi aproveitada pelos nortenhos, fora as falhas de concentração evidenciadas ao longo dos 90 minutos. Frente ao Marítimo B, os dois golos de Kukula são da sua responsabilidade. Em Moreira de Cónegos o golo que deu a vitória ao Moreirense resulta de um cabeceamento na pequena área. Frente ao Santa Clara, o primeiro golo surgiu de um cruzamento onde, com a sua altura, chegaria sem grandes dificuldades.

E os próprios adeptos já se manifestam, tanto no estádio como nas redes sociais. Foi criada uma página com o nome 'Leão a titular, ou ao CNS vamos parar' no facebook, que já conta com mais de 50 'likes'.

Já com Hugo Carreira, apesar da sua qualidade, Eridson não tem estado mal. Apesar da saída de Hugo Carreira ser difícil de entender, foi uma opção técnica que face às exibições de Eridson, se compreende.

Moreira saiu, inexplicavelmente, do onze.

As saídas de Hugo Pina e Pedro Moreira já ficam mais difíceis de explicar. Pina é, sem sombra de dúvidas, o único trinco puro do plantel. E é o único com capacidade para descer e encaixar junto aos centrais. Posiciona-se bem e raramente perde bolas, além de as recuperar com frequência. Fora isto, tem uma capacidade de passe e remate de longa distancia como poucos. Com ele a equipa ganha outra consistência a meio-campo, libertando os outros dois médios para tarefas mais ofensivas. Tem estado no banco, inexplicavelmente.
Pedro Moreira é o melhor extremo do plantel. Evidenciou-se no arranque do campeonato(a exibição contra o Benfica resultou em um golo e duas assistências), e com ele em campo o ataque ganha alegria, verticalidade e velocidade. Tem estado no banco. Quando entra nota-se logo outra acutilância no último terço do terreno..

O mais bizarro das opções de Gorka (além da troca de guarda-redes) foi o que aconteceu no jogo com o Marítimo B. Gorka entendeu que a equipa se daria bem a jogar em 4-4-2. Com Varela nas costas de João Mário. E uma dupla de médios que parecem gémeos(Bicho-Taira). O Atlético perdeu o meio-campo e sofreu os dois golos na primeira parte. Quando voltou ao 4-3-3(na segunda parte) o Atlético ficou por cima do jogo. Ficou, claramente, no ar a ideia de que se tivesse alinhado com o esquema habitual o Atlético teria pontuado.

Algo anda a baralhar as ideias de Gorka. E enquanto isto acontecer, quem sofre é o Atlético.

Neste momento estamos sem conhecer o sabor da vitória há 4 jogos(em 12 pontos fizemos... 1), e os próximos 3 jogos são contra adversários complicados(Braga B, fora; Leixões, casa; Tondela, fora). E se a vitória não aparecer, as coisas começam a complicar-se. Gorka tem mais ovos para fazer omeletes que António Pereira no ano passado. E os adeptos já começam a perder a paciência com as opções do Basco.

Por Hugo Costa.