Opinião: Há coisas que nunca vou conseguir entender.

A saída de Baltazar do Atlético é uma delas.

Bem sei que muita gente rotula o "Sou Atlético" como o blog do bota-abaixo. Mesmo sem nunca ter escrito uma linha que fosse contra quem quer que seja. Exceptuando o que escrevi sobre o que se passou no jogo em Penafiel. Sobre o facto dos sócios e adeptos em vez de apoiar a equipa e perceber as limitações, não. Caíram no insulto fácil ao treinador e jogadores. Mas adiante.

Sempre evitei escrever algo no blog a criticar o que quer que fosse porque achei que era o mais acertado tendo um treinador novo. Mas basta. Basta, porque isto já começa a ser trágico.

Baltazar deixou de ser treinador do Atlético. É algo que me faz comichão. Ainda para mais porque quem o substitui é um espanhol sem ligação nenhuma a Portugal. Aliás, até tem alguma ligação: treinou Almani Moreira a época passada. Recordo que Almani Moreira é o novo homem-forte do futebol. Alguém que passou os últimos 15 anos a jogar fora de Portugal.

Baltazar deixou o Sintrense, onde tinha um projecto, para abraçar o clube do pai, outro Baltazar, que jogou entre os anos 70 e 80 no Atlético. Ou seja, Bruno deixou o Sintrense seduzido por um projecto que era aliciante. Um jovem treinador, que como jogador nunca foi grande espingarda, tinha aqui uma oportunidade de ouro para provar que podia fazer algo.

O próximo passo era ir ver os treinos. Que como é natural, no início de época, foram pancada atrás de pancada. Os dois únicos jogos de preparação também não deram grandes indicações. A equipa ressentia-se do esforço físico. Pese embora alguns indicadores de haver qualidade nas alas (Semedo e Pedro Moreira - Luís Carlos estava lesionado).

E eis que chegamos aos jogos oficiais. Espera, já? Sim. O Atlético começou os treinos a pouco menos de três semanas do primeiro jogo oficial. O Académico começou antes do início de Julho. Tinha 5 jogos de preparação nas pernas. Tinha reforços. Tinha rotinas de jogo.

Baltazar? Tinha 17 jogadores disponíveis. Nos treinos chegou a ter 29 a treinar. Mas inscritos apenas 17. Sendo que desses 17, 4 eram júniores o ano passado e outros tantos estavam tocados (Leão, Pina, Bicho e Varão). Mais 4 que vieram de divisões secundárias. Ou seja, sem ovos, Baltazar tinha que fazer a omelete. Pois está claro que o primeiro jogo foi mau. Mal se saiu do meio campo, apenas um remate digno de registo, e felizmente o Ac. Viseu revelou desacerto na finalização. 3 dias depois veio o Penafiel, em casa. Nova derrota por 1-0. Mas a equipa deu sinais de melhoria, embora ainda presa de movimentos e ideias.

E chegamos ao jogo de Leixões. Derrota por 3-2 já em tempo de descontos, e um jogo bem agradável da parte do Atlético. Qual é o prémio que Baltazar tem por andar a fazer omeletes sem ovos? O fundo de desemprego. Ora toma lá que é para aprender. E com Baltazar foram Semedo, Luís Carlos e Zé Pedro.

Sinceramente não o conhecia. A pessoa e o treinador. Estava curioso, um bocado desconfiado, mas dava o benefício da dúvida. Afinal no seu primeiro ano como treinador subiu o Sintrense de divisão. Alguma qualidade havia de ter. A primeira vez que falei com ele houve uma abertura total da sua parte. E quando o entrevistei vi que ele, apesar de todas as limitações, estava orgulhoso de estar no Atlético. Sentia o clube. E seria tão fácil para ele abandonar o clube. Mas não, focou os jogadores, uniu um grupo que estava desiludido com tanta indefinição. Ou seja, pegou o Touro pelos cornos. Mostrou que era Homem. Com H grande. Não fugiu. A recompensa que leva é um despedimento.

E desengane-se quem pensa que ele vai para os jornais falar mal do Atlético. Não vai. Ele sabe distinguir as pessoas do Clube. Ele sabe que o Atlético não é aquilo.

Não é apenas o presidente que tem culpas nesta história, Almani Moreira também as tem. Afinal apoiou o despedimento de Baltazar para ir buscar o seu treinador da época passada. Sou o único a achar isto estranho?

Não ponho em causa a competência de José María Hernández ou Gorka. Já vi os dois nomes. Desejo-lhe toda a sorte do mundo. Que no final da época festejemos todos a subida de divisão. Não é isso que está em causa. De facto, não sei se é bom ou mau treinador. Sei apenas que não tem ligação nenhuma a Portugal, não conhece o nosso campeonato - e não é por acaso que na Segunda Liga os treinadores são, quase sempre, portugueses. E Hernández era treinador de Moreira o ano passado. Moreira esse que enquanto lidou com Baltazar, deu-lhe esperanças em continuar no cargo. Tal facto chegou a ser noticiado nos jornais.

Quanto a Almeida Antunes, enfim. Digam o que disserem, esta época está a ser das coisas mais ridículas que se podia imaginar. E dizer que a Oliveirense também só agora tem treinador e reforços é no mínimo falta de senso. A Oliveirense passou por uma crise directiva, nada a ver com o que se passa no Atlético, onde a crise, pelos vistos, é de competência.
Já se sabia desde a época passada que em 2013/14 seria obrigatório para os clubes da I e II Liga serem sociedades desportivas(SAD ou SDUQ). A AG que deu permissão à direcção para fazer o que quisesse(que inveja tenho da Académica, que teve sócios com cabeça) foi em Abril. A SDUQ foi criada em Junho e agora pode passar a SAD.
A manutenção foi alcançada, mais coisa menos coisa, após a vitória na Feira, a 7 de Abril, mas desde Março que as coisas estavam bem encaminhadas, com a equipa de Toni Pereira a amealhar pontos preciosos.

Mas mesmo que a manutenção fosse assegurada na última jornada. Não era lógico pensar na Sociedade Desportiva logo em Janeiro e nessa altura começar a desenvolver contactos? Só se preocuparam com investidores em Junho? A dança de investidores foi por demais. Ora eram chineses, ora holandeses, ora alemães, ora angolanos. Para ajudar à festa, Almeida Antunes diz à imprensa que o orçamento é de 700 mil Euros e que a SEG vai ser parceira. A SEG já foi é embora. E agora há um plantel remendado, e face ao facto de não ter mais soluções, Almeida Antunes vai ter que aceitar um investidor que se calhar não é o que queria.

Tirou Baltazar do Sintrense e 3 semanas depois mete-o na rua. Isto é brincar com a vida das pessoas. É que nem pelos resultados pode pegar, já que o ano passado António Pereira não fez muito melhor. Relembrando, derrotas fora com Arouca(1-2) e Naval(1-3) e vitória em casa com o Sp. Covilhã(1-0). João de Deus idem. Derrota em casa com o Freamunde (0-1), empate em casa com o Portimonense(1-1) e derrota fora com o Moreirense(1-2).

E o que parece ainda mais estranho, é que a culpa é de todos menos de Almeida Antunes. Quem critica só quer desestabilizar, quem não diz nada ou dá vivas ao presidente é que é bom. Dá impressão que no Atlético se vive uma ditadura e que muitos adeptos defendem essa mesma postura, justificando-se com o superior interesse do clube. Estranho é que um clube do povo tenha pessoas a defender essa postura, esquecendo-se de quem realmente tornou o Atlético grande: a sua massa adepta. E ainda mais me espanta a falta de consciência crítica desses mesmos sujeitos.

A direcção do Atlético, mais uma vez, não teve a atitude correcta. Brincou com a vida de Baltazar e dos seus adjuntos(Luís Gonçalves e Amaro Ferreira). É porque ao contrário do que muita gente diz, Baltazar foi contactado para ser treinador para a época 2013/14, não foi para desenrascar.

E o que mais me surpreende, é haver gente que acha tudo isto normal.

Hugo Costa

10 comentários:

  1. Revejo-me perfeitamente na opinião do Hugo. Embora seja um ferrenho sócio do Atlético também me prezo de ser, por força da vida, ser extremamente pragmático e ao ver toda esta navegação serpenteante só me leva a pensar que a melhor divisão para o Atlético estar é a 2ª divisão nacional.
    Pese embora me possam afirmar que existem outros clubes na 2ª Liga com menos valor ou com mais trafulhices pelo meio, o que me importa é o meu clube. Se não se consegue ter uma gestão que esteja alinhada com as exigências da 2ª Liga então mais vale dar um passo atrás para não se destruir o que já se fez.

    Apesar de tudo espero ver o meu Atlético, da bancada lateral, a dar-me muitas tardes de alegria na Tapadinha.

    Saudações

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  2. Cada vez mais o Atlético é dado de barato e carne para canhão... E nós sócios, nem uma palavra a dizer temos, é comer e calar!

    E ainda temos de levar com 2 ou 3 gajos que não têm nada na cabeça e defendem o Almeidismo e o Moreira que é tanto do Atlético como eu do Spartak Moscovo.

    Este não é o meu clube e com um começo assim, resta-me esperar que isto mude URGENTEMENTE!

    Dá-me vontade de chorar ver as pessoas serem tratadas assim no meu clube...

    Boa sorte para o Baltazar e para os outros q foram vitimas desta confusão que é a direcção do meu clube.

    Chamem-me Anti-Atlético e digam q eu sou vogal e falo mal da direcção! Quero lá saber, eu sou é 100% Atlético e de quem quer bem para o meu clube e esta direcção já não sabe o que há-de fazer.
    Que apareça alguém que eu apoio a 1000%!

    André Giuly

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  3. O problema meus caros consocios é que só se aperceberam dos problemas depois deles serem conhecidos antes quem primou pela transparência era considerado anti-atlético, agora embora me custe imenso, pois sou sócio com 50 anos, têm o que merecem graças aos velhos da tapadinha... Saudações alcantarenses

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  4. Está tudo dito, obrigado pela síntese

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  5. É vergonhoso o que passei neste clube fui homem com palavra e acima de tudo o resto fui profissional e fui tratado não como um ser humano mas sim como lixo mas como costumo dizer, Quando nos fecham uma porta, Deus abre-nos uma janela e irei ter sorte e espero que dentro de poucos dias... Tenho imensa pena do excelente grupo que deixei não só de colegas, não só de amigos, não só de homens mas acima de tudo de tudo de profissionais que todos são, tinha-mos tudo para ter uma época tranquila e chegarmos a maio felizes e cheios de alegrias não só nos jogadores mas também todos os simpatizantes do atlético, mas infelizmente não nos deixaram nem iram deixar pois como me trataram a mim iram tratar os que ficaram pois para essas pessoas nós jogadores de futebol somos máquinas, para essas pessoas não há bom senso, respeito e humildade são palavras que não sabem sequer que existe quanto mais o seu significado... Obrigado por todo o carinho a Rita e ao Sr Alvaro obrigado por tudo e toda a sorte do mundo para os meus colegas mts deles, senão a maioria, amigos e um bem haja aos simpatizantes do atlético que sempre tiveram uma palavra de apreço e de apoio não só pelo Facebook como no estádio quando se cruzaram comigo a eles o meu muito OBRIGADO...

    ass. LuiSCaRLos

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    1. Es grande amigo! Ainda espero um dia que isto mude ver-te com o meu emblema ao peito. Além de um grande jogador, és uma boa pessoa, pelo pouco que conheço de ti...

      Infelizmente, resta-me desejar-te boa sorte, independentemente do clube para onde fores e obrigado pelo teu esforço durante o tempo que "pudeste" cá estar a defender o nosso pequeno grande clube..

      Continuo a acompanhar-te

      Abraço.
      André Giuly

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    2. Amigo Luis Carlos desejo-te toda a sorte do Mundo como desejo para o meu filho Vasco, espero como o associado Giuly que um dia entres pele porta grande deste enorme clube que é o nosso ATLÉTICO CLUBE DE PORTUGAL.AbraÇo e que sejas feliz para onde fores. Fernando Varão

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  6. Desde já envio um forte abraço ao mister Baltazar que teve a coragem de abraçar este projeto por paixão e de certa forma por laços que o ligavam ao ACP. Dar também os parabéns aos anteriores investidores pela coragem que tiveram em ir buscar jogadores jovens e de outros escalões inferiores, fruto de um forte trabalho de prospeção nos anos anteriores. Dois exemplos disso mesmo foram as contratações do Zé Pedro e do Herman Diogo, entre outros. Ás vezes é só uma questão de oportunidade para poderem crescer e evoluir num escalão profissional. Na época passada o mister Baltazar entrou no sintrense já a época ia quase a meio e a equipa de rastos, levantou-a e subiu de divisão. Impressionante a dinâmica que implementou e a forma como trabalhou a mente dos jogadores onde a maior parte eram jovens. Esta equipa do ACP era curta e com muitos jovens, não tendo duvida que este mister agora demissionário iria fazer um trabalho brilhante e de futuro para o clube, potencializando os jovens jogadores a ativos no futuro.
    O que se passa neste momento e salta à vista de todos, a demissão destes jogadores é uma jogada empresarial. Quase todos os atletas ou mesmo todos os atletas demitidos tem contrato com os anteriores investidores, não sendo rentáveis para os novos investidores numa futura transação. É a verdade nua e crua. Pena tenho destes jovens que acreditam na verdade desportiva.
    Não desistam putos porque têm muita qualidade e se chegaram até aqui, é porque alguém viu valor em vocês, e como são jovens com potencial, com muita humildade e muito trabalho, como é vosso apanágio, vencerão. Uma palavra de incentivo ao Mister Baltazar, campeão uma vez, sempre campeão.
    Para terminar, não posso deixar de comentar o comportamento reprovável do Sr. presidente do ACC e de algumas pessoas UDRT por terem também eles comprometido em parte o processo de transferência de dois jogadores. Dado a conjuntura atual do futebol português, alguns clubes profissionais não têm dinheiro para pagar os direitos de formação dos atletas aos clubes onde estes se formaram. Neste sentido foi solicitado para bem desses miúdos, que numa futura transferência, dado o potencial destes mesmos jogadores, os clubes seriam ressarcidos, tal não aconteceu, pelo menos em tempo útil. Comportamento contrario teve a direção do Real Sport Clube. Parabéns Sr. Luís Neves

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  7. "que como jogador nunca foi grande espingarda"

    Nunca o deves ter visto jogar lol, grande "patrão" lá atrás!

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    1. Opiniões.

      O facto é que nunca chegou à I Divisão e fez poucas temporadas na Liga de Honra. Que foi um jogador útil nas equipas por onde alinhou (principalmente no Odivelas, que na altura tinha boas equipas) não ponho em causa. Mas grandes "patrões" há e houve muitos pela II Divisão. Isso não significa que sejam grandes espingardas como jogadores.

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