Pedro Moreira: «É bom estrear-me desta forma»

Pedro Moreira não é um desconhecido dos relvados da Segunda Liga. Com passagens por Barreirense, Estoril, Fátima e Naval, já conta com 115 jogos neste escalão, onde apontou 13 golos.

Fomos à Tapadinha conversar um pouco com um dos destaques deste início de temporada. Em 3 jogos acumulou 237 minutos, marcou um golo, fez duas assistências e ganhou uma grande penalidade. Na tabela das classificações individuais, o Sou Atlético já lhe atribuiu 10 pontos(em 15 possíveis).

Simpático, com um sorriso contagiante, a alegria pela forma como se estreou ao serviço da turma alcantarense é notória.


Pedro, conta-nos um pouco do teu percurso no futebol.
Comecei a jogar tarde. Comecei nos juvenis do Azeitão. Depois fui para o Barreiro, onde fiquei até aos seniores. Depois tive passagens por Leiria, Louletano, Fátima, Roménia, Chipre, Estoril - onde fui campeão - e agora o Atlético.

Lembraste da tua estreia como sénior?
Lembro-me. Foi com o Daúto Faquirá. Sinceramente já não me recordo qual foi o jogo, mas quando entrei fiquei todo contente, porque eu já treinava com os seniores. Isto no Barreirense, porque no meu primeiro ano de sénior fui emprestado ao Sarilhense, que era o satélite do Barreirense. Treinava durante a semana com o Barreirense e jogava pelo Sarilhense.

Qual foi o clube que mais te marcou na carreira?
Todos de uma forma me marcaram. Mas tenho um carinho muito especial pelo Barreirense. Onde me iniciei, onde cheguei aos seniores, onde vivi muitos anos. Vários amigos, para a vida mesmo. Foi o clube que mais me marcou, sem dúvida.

Como te caracterizas como jogador?
Não é fácil. Sou um jogador muito rápido, se for bem solicitado apareço muitas vezes na cara do golo.

Tens ídolos no futebol?
Tenho. Lionel Messi. (risos)

O plantel actual do Atlético tem 3 jogadores que passaram pela formação do Barreirense (Marco Bicho, Hugo Carreira e Pedro Moreira). Além disso, do Barreiro, saíram muitos jogadores que fizeram história na 1ª Divisão. O que há de tão especial no Barreirense para ser esta fábrica de jogadores?
É a mística daquele clube. É um clube com uma mística... Não é à toa que saíram vários jogadores de lá para o panorama máximo do futebol português. É um clube que quem passasse por lá jamais queria sair de lá. Fazias grandes amigos, formaram-se grandes homens... É um clube diferente. Só mesmo passando por lá é que as pessoas podem sentir.

Olhando para os números. Após uma estreia tímida em casa com o Sporting B, frente ao Benfica B abriste o livro. 1 golo, 1 assistência, 1 penalti. Contra o Trofense, nova assistência. Temos de volta aos relvados o Moreira que brilhou em Fátima e no Barreirense?
Acho que... Não vou por aí. (risos) As coisas têm-me corrido bem, mas podem correr mal. Espero bem que não, não é? (risos) Mas claro que é bom estrear-me desta forma. Para quem não jogava à algum tempo, penso que estive bem contra o Sporting. Depois contra o Benfica estive muito bem, e com o Trofense. Agora é continuar.
O sucesso individual depende muito do sucesso colectivo. Se todos estiverem bem e a equipa estiver bem, é normal que me sinta mais confiante para fazer o que sei fazer bem.

Como é que se processou a tua vinda para o Atlético?
Eu tinha ainda um ano de contrato com a Naval. Visto que não me pagavam os ordenados, resolvi rescindir. Recebi propostas, mas para longe de casa. E eu tinha muitos amigos aqui, claro que não foi só por isso, e era um clube perto de casa também... Visto que o Baltazar também me quis, já o conhecia, antes de ser meu treinador era meu amigo também. Decidi vir para aqui.

Já conhecias algum colega do actual plantel?
Já. Já tinha jogado com alguns. Já joguei contra vários. O plantel todo só dois ou três é que não conhecia. De resto conhecia todos.

Estavas à espera deste início de campeonato?
É assim... Estar à espera, não estava. Não vamos ser hipócritas. Mas é assim... As pessoas com os resultados da Taça da Liga estavam todos a pensar que íamos ser os bobos da corte. É óbvio que nos jogos da Taça da Liga a equipa jogo após jogo ia melhorando. E mais tarde ou mais cedo ia acontecer isto no campeonato.

Definiste algum objectivo individual para esta época?
Os meus objectivos é o que todos nós queremos. Não me lesionar, fazer o máximo de jogos possível, jogar bem. E é óbvio que a equipa atinja os objectivos a que se propôs.

Como reagiu a equipa à mudança de treinador?
Isto não é propriamente uma equipa de miúdos. É uma equipa de homens. Temos que estar... Temos que reagir bem a este tipo de situação. É óbvio que a mim, a mim pessoalmente, gostava muito do Baltazar. Não só como treinador e como pessoa, e continuo a gostar. Nada mudou. Mas isto é o futebol, o que é que eu posso dizer? As pessoas é que tomam decisões. E cabe a nós, para o treinador que vier, respeitá-lo e dar o máximo. E agora já se tornou normal. Mudanças de Treinador é sempre assim.

Apesar da qualidade nunca conseguiste vingar na Primeira Liga. Existe alguma razão para isso?
Olha, sinceramente, acho que houve falta de oportunidades. Mas sinto que tenho valor para jogar na Primeira Liga. Mas não me arrependo. Tudo tem uma razão de ser.

Extremo, Ponta-de-lança, segundo avançado. Já te vimos jogar em todas as posições da frente de ataque, qual é a tua posição preferida?
Gosto mais de jogar na linha. Também gosto de jogar solto, lá na frente. Mas prefiro jogar na linha. É a posição que mais me identifico.

Agora que cá estás, o que achas do clube e das condições?
O clube é um clube histórico. O passado deste clube é grandioso. Em termos de condições, tem muito a melhorar. Como é óbvio. Há coisas aqui que são simples mas têm que ser feitas. Agora não me cabe a mim falar sobre essas coisas. Agora que muitas coisas têm que ser melhoradas, têm. Para nos poder proporcionar as melhores condições.

Se te pedissem para descrever o Atlético, como definirias o clube?
Complicado. (risos)

Regressar aos Tubarões Azuis (n.d.r. Tubarões Azuis é a alcunha da selecção de Cabo Verde) ainda passa pela tua cabeça?
Não sei. Os Tubarões Azuis têm muitos jogadores de qualidade. Não digo que não tenho lugar. Cabe ao mister Lúcio decidir se quer que eu volte à selecção.

A última CAN foi um momento marcante para todos os cabo-verdianos...
Cabo Verde é, como toda a gente sabe, composto por ilhas. Não tem a proporção desses países enormes da cena mundial. E para um país tão pequeno chegar a uma competição tão grandiosa como é a CAN para além de gratificante, é grandioso. E depois com uma prestação daquelas, é muito positivo. Até porque tenho família, amigos, que passaram toda a vida a jogar pela selecção. Até porque os meus pais são cabo-verdianos, eu sinto o país da mesma forma que sinto a selecção portuguesa quando joga.

Estás com 30 anos, tens perspectivas para quando arrumares as botas?
Sinceramente ainda não pensei nisso. É óbvio que já está mais que na altura de pensar nisso. Gostava de ficar ligado ao desporto, mas é algo que em concreto ainda não pensei.

Sem futebol, como seria a tua vida?
Um vazio. Desde que me conheço... Desde miúdo que só sei jogar futebol. E não me via a não ser outra coisa que jogador de futebol.

Queres deixar alguma coisa aos adeptos, sócios e simpatizantes do Atlético?
Apoiem a equipa. Mesmo quando as coisas corram mal, apoiem a equipa. Nós, apesar de todas as dificuldades que as pessoas sabem que o clube tem, Tentamos sempre dar o nosso melhor. Tentamos sempre representar o clube o melhor possível. E quando corre mal, não quer dizer que não tentamos o nosso melhor, há jogos que correm mal.

Entrevista conduzida por Hugo Costa.

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